DEDICATÓRIA
Blog dedicado a meu pai
JOSÉ AUGUSTO SIMÔES
Nasceu em 1922 e faleceu em 2016
E ao seu povo que o viu nescer.
Um Povo só é grande quando tem história.
A Póvoa tem uma bonita história:
a riqueza e a pureza do seu povo.
Esta é a homenagem e o agradecimento
que presto a tão grande homem e ao poeta.
Do seu filho
Rogério Martins Simões
PERDI-ME NA FLORESTA
José Augusto Simões
Entrei um dia numa floresta
Para ver as árvores floridas
Acabei por fazer a sesta
Depois de tantas fadigas.
Assim de tanto eu andar
No meio daquele arvoredo
Deitei-me a descansar
E comecei a sentir medo.
Já não sabia onde estava.
Não reparei no caminho.
Queria ver o que gostava,
Mas estava ali sozinho.
A noite estava a chegar,
Não sabia por onde sair,
Estava quase a chorar,
Não sabia onde dormir.
Depois de tanto pensar
Uma voz perto me disse
- Eu te irei ajudar
Não caías noutra tolice.
Apareceu uma velhinha
Que a sorrir mais falou:
A floresta é toda minha,
Mas, não te digo quem sou.
Foi num dia de primavera,
Recordo-me de a ver sorrir.
Nunca soube quem ela era,
E eu não estava a dormir…
Lisboa, 6 de agosto de 2013
José Augusto Simões
O autor deste trabalho
nasceu na Póvoa - Pampilhosa da Serra em 20 de Maio de 1922
Meu Pai
António Antunes Simões
Nasceu na Pampilhosa da Serra
Abril de 1881
(foto Padre Pedro)
RAMOS
A minha família
A família do meu avô materno, Francisco António Ramos, era da Póvoa.
A minha avó materna, Antónia de Almeida, mãe de minha mãe, Maria da Ascenção Ramos, era da família Almeida de Moniho.
Moninho, terra querida, onde só 4 famílias não pertenciam à minha descendência.
De acordo com um testamento, cujo documento se encontra na posse do meu filho, os meus bisavôs, por parte de minha mãe, são João António e Maria Ramos.
João António era irmão de Joaquina Luiza, com a profissão de fiadeira que nasceu na Póvoa em 1809 e era casada com Manuel Pedro e não tiveram filhos.
Parece-me, lendo aqueles documentos, que Maria Ramos, minha Bisavó, terá casado na Póvoa com o meu bisavô João António que era da Póvoa.
A verdade é que Joaquina Luiza deixou em testamento aos seus sobrinhos e meus avós, Francisco António Ramos e Antónia de Almeida, as propriedades que possuía, nomeadamente, uma terra de milho na chamada “Quebrada” e uma barroca com seis castanheiros e duas testadas, num lugar a que chamam “Vale da Maia”, adquiridas a Manuel Barata e sua mulher Joana Gonçalves.
António Ramos, meu tio-avô (irmão do meu avô Francisco António Ramos) teve 4 filhos.
1. António Maria Ramos, casou com Maria da Trindade e teve 6 filhos:
1.1. José Maria Ramos nasceu a 5 de Junho de 1916 e faleceu a 7 de Abril de 1991;
1.2. Albano Lopes Ramos nasceu a 15/8/1919 e faleceu a 21/5/1986;
1.3. António Maria Ramos nasceu a 9/11/1921;
1.4. Eduardo Ramos nasceu a 12/10/1924;
1.5. Alberto Ramos nasceu a 7/4/1933;
1.6. Maria dos Anjos Ramos nasceu a 25/11/1935
2. José Maria Ramos casou em Pescanseco e teve 5 filhos;
2.1. Manuel Ramos;
2.2. José Ramos;
2.3. Joaquim Ramos;
3. Bernardina de Jesus Ramos casou com José Gonçalves e tiveram 3 filhos:
3.1. Maria Gonçalves nasceu em 1907;
3.2. Manuel Gonçalves nasceu em 1910;
3.3. Maria da Encarnação Gonçalves nasceu em 1912.
4. Maria de Jesus Ramos, casou na Ribeira de Praçais e teve 5 filhos:
4.1. José Ramos;
4.2. Eduardo Ramos;
4.3. Francisco Ramos;
4.4. António Ramos;
4.5. Amália Ramos.
5. Antónia Ramos (Tonita do Vale) não deixou descendentes.
Os meus avós, Francisco António Ramos, e Antónia de Almeida tiveram 3 filhos:
1. António Ramos de Almeida, meu tio, que nasceu no ano de 1875 e faleceu no ano de 1937. Casou com Maria da Conceição, natural de Porto de Castanheira, Freguesia de Teixeira - Arganil. Não deixaram descendentes.
2. José Ramos de Almeida, meu tio, que nasceu em 17/9/1877 e faleceu em 6/6/1966. Era casado com Palmira da Conceição e tiveram 4 filhos:
2.1. José Augusto Ramos de Almeida nasceu em 14/10/1917;
2.2. Maria dos Anjos Ramos nasceu a 1/7/1921;
2.3. Laura Ramos (Laurita) nasceu 11/8/1922;
2.4. Eduardo Ramos de Almeida nasceu em 11/12/1930.
3. Maria da Ascensão Ramos, minha mãe, que nasceu em 6 de Janeiro de 1882 e faleceu em 12 de Março de 1938. Casou com meu pai António Antunes Simões que do seu casamento tiveram 5 filhos:
3.1. Maria da Nazaré Simões, nascida a 21 de Abril de 1913 e faleceu a 22 de Janeiro de 1975;
3.2. José Maria Simões, nasceu em 1915 e faleceu em 1920;
3.3. Laura da Conceição Simões nasceu em 1917 e faleceu nesse ano com 7 meses;
3.4. Laura da Conceição Simões nasceu a 4 de Dezembro de 1919 e faleceu em 25 de Abril de 1997;
3.5. José Augusto Simões nasceu em 20 de Maio às 5,30 da manhã, mas, por engano, estou registado como tendo nascido em 19 de Maio de 1922.
Em memória da minha mãe Maria Ascenção Ramos
José Augusto Simões
2004-02-23
ANTUNES
A minha família
A família da minha avó paterna, Emília de Jesus Antunes, que casou com meu avô Francisco Simões, da Pampilhosa da Serra, era toda da Póvoa.
A minha bisavó paterna chamava-se Bernardina de Jesus e o meu bisavô paterno chamava-se Bernardino Antunes.
Os pais da minha avó, Emília de Jesus Antunes tiveram 9 filhos cujos nomes passo a citar:
1. Antónia Joana Antunes, minha tia-avó, foi mãe solteira de 4 filhos;
2. Patrocínia de Jesus Antunes, minha tia-avó, foi mãe de 3 filhos;
3. Antónia de Jesus Antunes minha tia-avó, foi mãe de 3 filhos;
4. Bernardina de Jesus Antunes, minha tia-avó, casou nas Malhadas da Serra e foi mãe de 4 filhos. Desconheço o nome dos seus quatro filhos e apenas conheci alguns netos;
5. Bernardino Antunes, meu tio-avô teve 2 filhos;
6. José Joaquim Antunes, meu tio-avô teve 4 filhos e foi para o Brasil;
7. Adelino Antunes, meu tio-avô, foi pai de 10 filhos.
8. António Antunes, meu tio-avô, faleceu solteiro;
9. Emília de Jesus Antunes, minha avó, teve 7 filhos.
Passo agora a mencionar alguns dos meus parentes, filhos dos irmãos da mina avó Emília de Jesus Antunes, primos direitos de meu pai António Antunes Simões:
Antónia Joana Antunes minha tia-avó teve de 4 filhos:
1. Martinha de Jesus Antunes;
2. Rosalina Antunes;
3. José Maria dos Santos;
4. Joaquim Maria Antunes, que casou no Braçal.
Patrocínia de Jesus Antunes, minha tia-avó, teve 3 filhos:
1. Olinda de Jesus Antunes;
2. Maria dos Santos Antunes;
3. Preciosa de Jesus Antunes;
Antónia de Jesus Antunes minha tia-avó, teve 3 filhos:
1. Francisco de Almeida Ferreiro;
2. José de Almeida Ferreiro;
3. António de Almeida Ferreiro.
Bernardina de Jesus Antunes, minha tia-avó, casou nas Malhadas da Serra e foi mãe de 4 filhos. Desconheço o nome dos seus quatro filhos e apenas conheci alguns netos;
Bernardino Antunes, meu tio-avô teve 2 filhos:
1. Maria Emília Antunes;
2. José Maria Antunes. (nota: é da família do Pátio do Carrasco, casou com Emília de Jesus Alexandre, de Moninho e sempre foi meu grande amigo).
José Joaquim Antunes, meu tio-avô, teve 4 filhos e foi para o Brasil. Apenas sei o nome de dois dos seus filhos:
1. Sara Antunes;
2. Eduardo Antunes.
Adelino Antunes, meu tio-avô, foi pai de 10 filhos:
1. Albano Antunes;
2. Cipriano Antunes;
3. Francisco Antunes;
4. José Antunes (o meu padrinho);
5. Aníbal Antunes, faleceu solteiro;
6. António Antunes;
7. Amália dos Santos Antunes;
8. Beatriz Antunes;
9. Eduardo Antunes;
10. (um menino que faleceu com 4 anos, afilhado de minha mãe).
Emília de Jesus Antunes, a minha avó paterna teve 7 filhos:
1. António Antunes Simões (meu pai);
2. Aires Augusto Simões;
3. Albano Antunes Simões;
4. Maria da Piedade Simões
5. Maria de Lurdes Simões (a minha madrinha);
6. Maria da Solidade Simões;
7. Maria Lusitânia Simões que nasceu na Póvoa;
Esta é a minha linhagem por parte dos Antunes. Espero ter contribuído para reescrever, um pouco, a linha parental dos Antunes da Póvoa. E àqueles que ainda podem completar esta minha memória deixa um desafio: completem ou rectifiquem-na.
Para finalizar esta parte, vou recordar os nomes dos meus primos direitos e os nomes das minhas irmãs e irmão:
António Antunes Simões, nasceu em Abril de 1881, casou com Maria Ascenção Ramos (meus pais), tiveram 5 filhos:
1. Maria da Nazaré Simões, nascida a 21 de Abril de 1913 e faleceu a 22 de Janeiro de 1975;
2. José Maria Simões, nasceu em 1915 e faleceu em 1920;
3. Laura da Conceição Simões nasceu em 1917 e faleceu nesse ano com 7 meses;
4. Laura da Conceição Simões nasceu a 4 de Dezembro de 1919 e faleceu em 25 de Abril de 1997;
5. José Augusto Simões nasceu em 20 de Maio às 5,30 da manhã, mas, por engano, estou registado como tendo nascido em 19 de Maio de 1922.
Aires Antunes Simões, meu tio, pai de 2 filhos:
1. António de Oliveira Simões, que nasceu em Monforte, Alto Alentejo, no dia 29 de Fevereiro de 1920 e faleceu no dia 2 de Março de 1982;
2. Ana de Oliveira Simões, nasceu Monforte, Alto Alentejo, em Março de 1922.
Albano Antunes Simões, meu tio, pai de 2 filhas:
1. Ilda da Silva Simões nasceu em 1914 em Lisboa;
2. Alzira da Silva Simões, que nasceu em 1920 em Lisboa.
Maria da Piedade Simões, minha tia, mãe de 5 filhos:
1. António Maria Simões Dias nasceu a 21 de Maio de 1923 e faleceu em 1966;
2. Aires Simões Dias nasceu em 1925 e faleceu com 2 anos de idade;
3. Eduardo Simões Dias nasceu a 5 de Novembro de 1927;
4. Lurdes Simões Dias nasceu o dia 5 de Novembro de 1929;
5. Maria da Solidade Simões Dias nasceu no dia 1 de Janeiro de 1931.
Maria de Lurdes Simões, minha madrinha e tia, teve 2 filhos:
1. Artur Simões de Almeida nasceu em 1929 e faleceu com 20 anos de idade;
2. Fernanda Simões de Almeida Rodrigues nasceu em 1934 e é mãe da médica Dra. Manuela de Almeida Rodrigues;
Maria da Solidade Simões, minha tia, (faleceu em França) teve 1 filho:
1. José Maria Antunes, que nasceu no dia 19 de Março de 1928 e vive em França.
(nota: Dou graças por ter recuperado a casa dos Simões da Póvoa. Que bonita que está).
Maria da Lusitânia Simões, minha tia, mãe de 2 filhas:
1. Maria Luísa Simões;
2. Dionilde Simões.
Em memória da minha mãe Maria Ascenção Ramos
José Augusto Simões
2004-02-23
(foto Padre Pedro)
João Nunes de Almeida
(Mais conhecido por João Barbeiro)
Era natural do Sobral.
Casou na Póvoa, com a senhora Elvira da Piedade que era uma das maiores amigas de minha mãe, Maria da Ascensão Ramos.
Do seu matrimónio nasceram dois filhos: a senhora Maria José Nunes de Almeida, que nasceu no ano de 1914 e actualmente viúva e Antonino Nunes de Almeida, que nasceu em 17 de Março do ano de 1916, já falecido, casado com a senhora Maria do Carmo Nunes da Veiga uma excelente pessoa assim como toda a sua família.
O Antonino, não sendo da minha família e apesar de ter mais seis anos de idade do que eu, era um dos meus maiores amigos. Nascidos na mesma Aldeia sinto por ele uma enorme saudade.
Voltando ao senhor João Barbeiro, nome pelo qual era conhecido, ele era praticamente o médico da Póvoa, assim como da maior parte das Aldeias vizinhas.
Viajava por serras e caminhos de cabra para tratar dos doentes das Boiças, Seiroquinho, Decabelos, Soeirinho, Moninho, Moradias, Carvalho, Sobral de Baixo e de Cima, Covões e de diversas aldeias a sul da Pampilhosa da Serra.
Mas, ainda, fazia serviços da sua profissão no Carvalhal, Aldeia Velha, Adela, Soito, Malhada e Casais do vizinho Concelho Góis.
O senhor João Barbeiro foi, durante anos, creio, até à sua morte, o encarregado do Posto dos Correios da nossa Aldeia.
Os Correios colocaram, à entrada da sua residência, uma caixa onde os habitantes da Póvoa deitavam as suas cartas.
Finalmente retirava as cartas para uma mala, que fechava, e era uma senhora da Póvoa, por acaso da minha família, de nome Maria dos Santos que a transportava para a sede dos Correios da Pampilhosa e que, no retorno, trazia a correspondência destinada aos habitantes da Póvoa a quem fazia a respectiva entrega.
O senhor João Barbeiro era muito “reinadio” Contava, aos miúdos da nossa Aldeia, histórias fantásticas de lobos que com ele se cruzavam, por aqueles péssimos caminhos que tão bem conhecia.
Recordo-me desse tempo, em que o ti João Barbeiro tratava muitas das doenças, com ervas medicinais que tão bem conhecia. No entanto era bastante estudioso, e tinha livros de medicina onde estavam escritas as composições dos medicamentos, que receitava, e que eram compostas na Botica, nome que se dava às actuais Farmácias.
Não poderei esquecer a sua participação na Comissão de Melhoramentos e quero afirmar que o senhor João Barbeiro mais o senhor Alfredo Simão Antunes, o senhor Manuel Mendes de Oliveira e o senhor José Nunes, entre outros, foram aqueles que mais trabalharam para esse fim na Póvoa não esquecendo os outros que quase anonimamente trabalhavam em Lisboa para o mesmo fim, e que tal como ele nunca esperaram ou ficaram à espera de honrarias.
Aquilo que eles fizeram, sem desavenças, e que o ilustre João Barbeiro ficou ligado foi: o Lavadouro público, a abertura da mina, na fonte velha e canalização para a fonte nova no Pereiro e não tenho a certeza se os 5 marcos fontanários.
Lembro que a Comissão de Melhoramentos poucos recursos tinham e com a Câmara Municipal acontecia o mesmo.
Deve-se, de facto, a pessoas como aquele que hoje recordo as pequenas grandes vitórias que tantos engrandeceram a nossa Aldeia.
Estou grato, e deveremos estar agradecidos ao nosso “médico” que tanto ano tratou, abnegadamente, da saúde do povo da Póvoa e de outras aldeias.
Finalizo esta pequena homenagem a este ilustre povoense lembrando, que se alguém mereceu que o seu nome figurasse numa lápide o nosso João Barbeiro merecerá, certamente, uma estátua.
À sua memória e que descanse em Paz.
(Pampilhosa da Serra foto Padre Pedro)
EU NASCI NUMA CASA POBRE
Eu nasci numa casa fundeira
Cresci numa casa da serra
As ruas eram a estrumeira
Do esterco se alimenta a terra
As casas eram velhinhas
Mas tinham boas lareiras
Minha mãe e as vizinhas
Levavam estrume p´ras leiras
Só se juntavam à noite
Ou quando estava a chover
Punham lenha na fogueira
Para todos bem receber
Éramos todos primos e amigos
Todos juntos a conviver
Punha-se mais lenha no lume
Foi ali que aprendi a ler
Todas elas nos contavam
Cada qual a sua história
Atentos todos escutavam
Tudo ficava na memória
Depois de tantas histórias
Coisas que havias nas terras…
Tínhamos as nossas glórias
Subíamos ao alto das serras
Quando chegámos ao cimo
Avistávamos o horizonte
Era a serra mais alta
No largo tinha uma fonte.
Saía a água da rocha
Muito pura e cristalina
Logo os dois nos baixámos
Para beber água tão fina.
Quando olhámos os astros
Vimos o sol a nascer
Era a coisa mais bonita
Que podia acontecer
Depois de o sol arraiar
Corremos todos os montes
Em todos os vales corria
Água em todas as fontes
Terras cobertas de matos
Tão bonitas, uma beleza
Todas ali se criaram
Com o sol da natureza
Depois descemos para a aldeia
Com saudade e alegria
Já sabíamos muitas coisas
Era verdade o que se dizia.
Já na escola fui aprender
A lição que já sabia
Recordo e não irei esquecer
A lição de astrologia.
Lisboa, 12 de Dezembro de 2006
(José Augusto Simões)
MEU PAI
Filho de Maria da Ascenção Ramos, (1882 - 1938) e de António Antunes Simões (1881 - 1934).
Descende das famílias Simões e Henriques da Pampilhosa da Serra; dos Antunes e Ramos da Póvoa e dos Almeidas de Moninho. Teve duas irmãs, Maria da Nazaré Simões, empregada nos Hospitais Civis de Lisboa - Hospital de Arroios e Laura da Conceição Simões.
Foi um aluno brilhante na escola da Pampilhosa da Serra onde ganhou diversos prémios escolares: o 1º prémio escolar de 60$00, na passagem da 2ª para a 3ª classe, tendo obtido a nota final de 18 valores e o 1º prémio escolar, também, os 60$00, na passagem da 3ª para a 4ª classe, tendo obtido como nota final 19 valores.
Ingressou na 1ª classe em 1930 que concluiu em 1931. Concluiu a 2º grupo em 1932; a 2ª classe em 1933; a 3ª classe em 1934 e terminou os seus estudos primários, a 4ª classe, em 1935 com a nota final “brilhante com distinção”.
Da 1ª à 3ªclasse foi ensinado pelo Professor Anselmo Ferreira e na 4ª classe pelo Professor Gil.
Apenas pôde concluir a 4ª Classe, porque as vicissitudes da vida o impediram de prosseguir os seus estudos.
O seu maior trauma da infância foi a morte prematura do seu pai e a doença e morte de sua mãe, que, aliado à falta de recursos, tão normal nessa época, o impediu de realizar o seu sonho: “concluir um curso superior”.
Ficou órfão de pai aos 12 anos e de mãe aos 15 anos de idade, tendo migrado para Lisboa onde trabalhou, desde muito cedo, como caixeiro de mercearia até à data em que foi incorporado no serviço militar.
Trabalhou, depois, como “caixeiro-viajante” tendo conhecido todo o país ao serviço da firma “Francisco Simões” que comercializava sacos, batatas e outros legumes.
Em 21 de Abril de 1948, fundou, com seu tio Jaime Rodrigues, natural do Pessegueiro, uma pequena empresa de sacos usados, a firma Jaime Rodrigues & Simões, Lda., que foi a base de sustentação de toda a família, bem como de muitos parentes, amigos e conhecidos.
A sua “sacaria”, na Calçada do Forte em Lisboa, foi sempre ponto de encontro e de reunião entre os conterrâneos e amigos.
Esteve na reorganização da Comissão de Melhoramentos da Póvoa onde foi 1º Secretário nos anos de
Casou com Isabel Martins de Assunção, natural da Malhada, Colmeal, prima direita do actual Presidente do Tribunal Constitucional, Luís Manuel Nunes de Almeida.
Do seu casamento nasceram 5 filhos. As duas filhas faleceram precocemente e estão vivos os restantes filhos do sexo masculino.
Acolheu na sua pequena casa de Lisboa, na Rua do Mirante, parentes ou simplesmente conhecidos. Recordo-me de meus pais cederem a sua cama aos familiares e de terem dormido, em cima de sacos, no seu estabelecimento comercial.
É um homem com um “H” muito grande, dotado de uma memória prodigiosa colocando a honra e a honestidade no cimo do seu pedestal.
Foi brilhante na matemática e em outras ciências tais como a Geografia, as Ciências Naturais, a História e a Aritmética. A sua letra era muito bonita e por isso era o “miúdo” que escrevia e lia as cartas aos seus conterrâneos.
Mas a sua memória não é passiva.
Conseguiu passar para o papel, reconstituindo, a árvore genealógica de quase toda a sua ascendência: Simões, Ramos e Antunes (esta desde 1822).
Parte desta reconstituição familiar foi-lhe transmitida, oralmente, por sua mãe Maria Ramos (ti Mariquitas da Póvoa) e conservada na memória do meu pai até à data.
Foi sempre um grande comunicador. Lembro-me de o ouvir contar histórias de fantasiar e de encantar que tanto preencheu o imaginário da minha infância.
Escreveu poesia, pois li alguns dos seus poemas, que expressam bem as amarguras da vida, as coisas boas e simples e o seu amor pelo próximo.
Para que perdurem as lembranças da sua brilhante memória, que podem contribuir para escrever ou rescrever a vida difícil de um povo implantado na Beira Serra, vou trazer alguns artigos que escreveu e continuarei a incentivar para que escreva, pois neles se encontram alusões, menções a pessoas e factos, que fazem a história de uma aldeia a Póvoa da Pampilhosa da Serra e das suas gentes.
Homenagem do seu filho
2004
(Fonte da Póvoa - Foto de padre Pedro)
Ontem vi meu pai chorar
Ontem meu pai legou-me a cadeira que há 57 anos comprou e onde sempre se sentou. Quando a retirou do escritório e a entregou: eu vi o meu PAI chorar!
Era uma vez um menino órfão que bem cedo abandonou a sua aldeia - A Póvoa - Pampilhosa da Serra.
Deixou para trás a bola de trapos, os companheiros de escola, da brincadeira e do trabalho; as pessoas a quem lia e escrevia as cartas e o trabalho duro da aldeia.
Era muito cedo a manhã. A sua mãe, doente, rezou consigo as últimas orações e entregou ao menino, um saco de pano com as poucas “roupitas coçadas” e um naco de broa para disfarçar a fome na viagem.
Trazia consigo a vontade de vencer e na bagagem a mocidade perdida.
Tinha uma memória espantosa que conservou toda a vida.
Carregava no pensamento a aventura. Era responsável e sonhava vir a ter uma vida melhor (secreta ilusão de quem foi incapaz de renegar a educação).
Percorreu a pé grande distância que o separava da camioneta e soletrava, palavra por palavra, os últimos conselhos de sua mãe.
Finalmente o comboio a carvão que apanhou na Lousã e no dia seguinte chegou à cidade que a partir daí chamou de sua.
Lisboa, nesse tempo, fervilhava de trabalhadores migrantes na sua própria Nação.
A Europa estava em guerra mas, o menino, disso pouco sabia. Recordava-se de um velho parente escutar a telefonia, às escondidas, e de ouvir falar
Tão pequeno e já alombava os cabazes da mercearia!
- Que importa se já estava habituado! Afinal os passeios eram melhores que o caminho das cabras...
Mas sonhava! Todos os meninos sonham!
Às vezes, ainda há pouco se tinha deitado e já estava levantado para voltar a carregar as mercearias e, enquanto subia as escadas mais íngremes, rezava à espera de um milagre lhe trouxesse de volta a escola para um dia ser “doutor”
Mas sonhava! Sonhava, digo eu, pois o sonho é a compensação de quem tanto sofreu.
O menino queria estudar! Ser alguém! Mas a tragédia tornou a voltar numa Terça-feira - morreu a sua mãe lá na Aldeia!
Nas vésperas, houve uma grande azáfama na Póvoa!
A minha avó, de nome Maria, fez questão em anunciar, nessa sexta-feira, que no dia seguinte partiria numa viagem para o Céu.
E disse à irmã do menino:
- Laura limpa muito bem a casa e logo, quando acabares, vai chamar o Povo.
Mas a menina chorava enquanto limpava a casa com a vassoura de carqueja.
Por fim, lá foi de casa em casa e transmitiu a mensagem da "Ti Mariquitas” e o Povo da Aldeia foi em peso sentir o peso das palavras da minha avó.
Chamou de novo a irmã do menino, e disse:
- Laura vai chamar o “Ti Manuel Barrocas” para me tirar as medidas para fazer o meu caixão.
A minha tia a chorar não queria ir, mas foi!
O dia chegava ao fim e com ele o Sábado (12 de Março de 1938), fim anunciado da mãe do menino.
- Dizem que a minha avó se despediu de todos e pediu perdão de todas as suas ofensas, se ofensa tivera para com alguém.
- Dizem que nessa tarde de Sábado elevou as mãos aos Céus e clamando por Deus a sua alma se elevou para junto dos seus...
Faço aqui um parágrafo: Toda esta história não é uma história ou uma fábula.
Recordo-me do menino, já pai - meu pai - contar que a sua mãe, a minha avó, ainda terá dito:
- O meu filho escreveu-me hoje uma carta! Mas não vai chegar a tempo porque vou morrer e a carta só vai chegar na segunda-feira.
Minha avó faleceu a um Sábado, no dia 12 de Março de 1938, e foi sepultada ao Domingo como ela sempre pediu ao seu DEUS
Meu pai só recebeu a notícia por carta, na mercearia da Rua do Grilo, na Terça-feira dia 15 de Março de 1938.
Tudo isto foi-me contado em menino por meu pai e confirmado por parentes que presenciaram os factos e a sua vida.
Lisboa, 25 de Agosto de 2004
Veja aqui a pintura da esposa do meu filho Rogério
Quadros de Elisabete Palma
http://www.youtube.com/watch?v=iokb8FXy3Gw
http://video.google.com/videoplay?docid=8291487629655378595&hl=en
(foto padre Pedro)
O Trabalho agrícola na nossa aldeia, a Póvoa, nos anos 40 do século XX
(texto da autoria do meu pai e meu mestre de poesia)
Começo pelo primeiro trabalho que se fazia naquela época.
Todos os dias, quase todos os homens que lá estavam, e algumas mulheres, iam cortar um molho de mato. Carregavam-no às costa para os currais do gado ou para colocar nas ruas que serviam de estrumeiras.
Havia também, embora em menos quantidade, quem fizesse o transporte em carros de bois.
Este mato, depois de podre e bem curtido, fazia-se em estrume para adubo das terras de cultivo.
A primeira sementeira que se fazia era a do centeio, semeado em terras de sequeiro e nos alqueives, não levava rega nenhuma. Era semeado em finais de Dezembro ou princípios de Janeiro, e ceifado no mês de Julho. Era atado. em molhos e ficava no campo para secar bem. Depois, era todo malhado no Largo da Capela de Santa Eufémia.
Para malhar, era costume ter a participação de oito (8) homens, quatro de cada lado, cada qual tinha o seu "mangualde" com que malhava o centeio até sair todo o grão.
Depois disso, era levantada a palha com uma forquilha e atada em molhos que se guardavam nos palheiros.
O centeio, que ficava no chão, era tirado com uma vassoura própria, até ficar limpo. Além disto era ajoeirado ao vento, mas, mesmo assim, ainda era lavado e, depois, seco ao sol. Só depois estava pronto para ir. para o moinho.
A preparação do recinto de malhar, neste caso o Largo da Eira ou da Capela, também obedecia a certos rituais.
O largo era todo bem varrido (mais que uma vez) e barrado com fezes de bois (bosta), até agarrar bem. Esperava-se que secasse, estava então pronto para a malha.
Retomando as sementeiras, o cultivo seguinte era o do milho.
O milho era semeado nos meses de Março e Abril. A terra era lavrada ou cavada e, depois, gradada ou arrasada até ficar plana para lhe ser espalhado o estrume. Ao fazer os regos, o chamado acto de marejar, o estrume ficava alagado na terra junto com o grão do milho.
Quando o milho já estava crescido era sachado e, depois, arralado, quer isto dizer, compassado como devia ficar para criar espigas como deve ser. Depois disso, eram feitos regos para passar a água em leiras, para regar de forma uniforme todo o milho. Antes, porém, era todo empalhado com mato para segurar a terra.
Quando o milho já estava criado, assim como as espigas, era-lhe cortada a cana, junto às espigas. As canas com bandeira deixavam-se ficar para que o grão ficasse mais grosso.
A palha resultante deste corte, era carregada em molhos e deixava-se a secar junto às hortas. Depois de bem seca eram feitos molhinhos mais pequenos a que se chamavam fachas.
Estes pequenos molhos eram normalmente dados ao dono dos bois que lavrava a terra e carregava o estrume para as hortas. Este era chamado de "Carreiro" e a paga do seu trabalho era a palha com que ia alimentando os bois.
Mas, o ciclo do milho não termina aqui. Quando a espiga estava quase pronta para ser apanhada, eram tiradas todas as folhas da cana do milho e atadas em pequenos molhos, que depois de bem secos, eram guardados nos palheiros para serem dados, de pasto, ao gado.
Depois deste trabalho todo é que tiravam as espigas das canas, e estas eram transportadas para casa, onde se faziam as desfolhadas.
Quando as maçarocas estavam em casa, as pessoas da aldeia ajudavam-se umas às outras, num serviço verdadeiramente comunitário. O milho era desfolhado por várias pessoas.
Qualquer criança que tivesse nove ou dez anos, já ia ajudar à desfolhada e, de certeza, não ficava atrás dos adultos nesse trabalho específico.
Nas desfolhadas havia uma coisa engraçada, o rapaz ou rapariga, a quem calhasse uma espiga encarnada, era obrigada pelo juiz a cumprir uma pena. Normalmente era dar um beijo e um abraço a todas as pessoas presentes na roda.
Tanto as desfolhadas, como as debulhas do milho, eram uma paródia. Aí se encontrava muita gente, cantava-se, bebia-se e contavam-se histórias. Por vezes (muitas, mesmo) no final das debulhas, faziam-se grandes bailaricos.
O milho, depois de debulhado, era transportado para o estendedouro, onde era espalhado em cima de grandes panos ou mantas de fitas, para ficar a secar ao sol e só era guardado quando estava bem seco.
Também para secar o milho se faziam coisas por tradição. Levava-se para o local onde o milho secava ao ar, uma arca e durante quatro ou cinco dias, era estendido de manhã (em cima das mantas ou panos) e apanhado à tarde, quando o sol passava.
Só assim, depois de passar todas estas etapas, é que o milho estava pronto para ser posto nos foles que o haviam de levar até aos moinhos, donde regressavam em farinha para se fazer a broa e os bolos.
Desta forma breve e aligeirada, espero ter mostrado como era o trabalho que estas duas espécies de cereais davam até serem transformados em alimento.
Já a batata, outro alimento indispensável na dieta serrana, e outros produtos hortícolas, assim como o vinho e azeite não davam metade do trabalho e eram muito mais compensatórios.
Não é preciso dizer mais nada para saberem o trabalho e esforço que a agricultura obrigava naquele tempo. Foi por isso, que escrevi, a vida dura dos serranos nos tempos de antigamente.
José Augusto Simões
2000
Publicado em Ecos da Póvoa
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