12.12.16
POESIA NO PRATO
Rogério Martins Simões
Lembra-se, meu pai,
Quando à sua mesa
Nos trocava a sobremesa
Por poesia no prato…
Diga-me, agora, meu pai:
Se por aí há olhares desesperados,
Mãos crispadas,
Rezas nos dentes…
Diga-me meu pai:
Se o sofrimento é tão só por aqui;
Se nos céus são todos iguais;
Se as regras são transparentes;
E se no inferno só ardem os maus…
Diga-me meu pai:
Se aí há lugar para os dementes…
Para os falazes…
Para ricos
Para os capazes
Para pobres, ou doentes.
Diga-me meu pai:
Se há por aí poesia
Se já conhecem a magia
Dos seus contos de encantar.
Nada me diz, não importa…
Mas se o céu, para si, não for boato…
Terá sempre aberta a minha porta:
E esta saudade com a poesia no prato…
(Meco Café) Meco 12/12/2016 12:23:39
(Para publicar no próximo livro de poesia)