ETERNAS LEMBRANÇAS
José Augusto Simões
Nasci na aldeia da Póvoa
Cheia de encanto e beleza
Todos nos sentíamos bem
Apesar de certa pobreza.
Era um povo muito amigo
Cada qual tinha seu jeito
Mas não existe povo algum
Que em tudo seja perfeito.
Desses tempos bem passados
Tenho gratas recordações
Daquelas lindas cantigas
Que cantavam aos serões.
Das noites bem passadas
Ao debulhar as espigas
A cantar à desgarrada
Rapazes e raparigas.
Tudo isto foi bem pensado
Há luz da velha candeia…
Como escrevi em “Ecos da Póvoa”
“As mulheres da minha aldeia”
São lembranças do passado
Voos de passarinho…
Confesso, nunca esquecerei
A Emília Casalinho.
A Emília vinha à janela
- Zézito vem à tua porta!
Atira-me maças e peras
Que trazia da sua horta.
-Zézito vem a minha casa
Que te quero dar um queijo:
-Minhas pernas tinham asas…
Era assim o seu desejo.
Para mim mulher mais linda,
Para mim a mulher mais bela,
Ela e sua irmã Carmelinda
Debruçadas à janela…
Assim, muito criancinha,
A memória não tem agreiro,
Nunca posso esquecer
A Piedade do João Barbeiro.
Sou filho da “Ti Mariquitas”
Essa mulher que só fez bem
Eu nunca a posso esquecer:
Era a minha querida mãe.
Às vezes começo a pensar
Mas, não é pensar à toa
Talvez não merecesse ter
Assim uma mãe tão boa.
Quando fazíamos “asneira”
Não nos chamava de ateus…
Minha mãe só me dizia:
- Oh filho valha-te Deus.
Ao terminar estes versos
Termino com grande dor
Ainda estou respirando
O bafo do seu lindo amor.
Lisboa, 18 de Julho de 2009