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PÓVOA - PAMPILHOSA DA SERRA

José Augusto Simões, nasceu na Póvoa Pampilhosa da Serra em 1922 Faleceu em 2016

José Augusto Simões, nasceu na Póvoa Pampilhosa da Serra em 1922 Faleceu em 2016

 

DEDICATÓRIA

 

Blog dedicado a meu pai

JOSÉ AUGUSTO SIMÔES

Nasceu em 1922 e faleceu em 2016

E ao seu povo que o viu nescer.

Um Povo só é grande quando tem história.

A Póvoa tem uma bonita história:

a riqueza e a pureza do seu povo.

Esta é a homenagem e o agradecimento

 que presto a tão grande homem e ao poeta.

Do seu filho

Rogério Martins Simões


07.10.05

(Foto de Romasi)

MEMÓRIAS do um filho de UM POETA

(Rogério Martins Simões)

Em Março de 2004, como muitos o sabem, embarquei nesta aventura dar a conhecer a minha poesia.

Ao longo dos últimos 16 meses fui resistido à tentação do fogo e isso devo a vós - a todos aqueles que me lêem, quase um milhão de acessos.

Só quem a escreve; só quem é o seu autor, tem o direito de a rasgar ou de a queimar.

Sou contra todo o outro tipo de fogueira, mas isso não são contas do meu presente rosário.

Comecei bem cedo a escrever poesia por culpa do meu querido pai e do ar contemplativo de minha mãe que não sabia, nem sabe, escrever - mas isso são contas de outro rosário - pois à mulher era quase negado o direito a estudar.

Dizia eu, ou estava para dizer, vivi numa humilde casa em Lisboa, paredes-meias com a feira-da-ladra, onde fui crescendo, escutando e vendo.

Comecei por aprender que a poesia cresce com a alma e escreve-se com amor e isto ensinou-me o meu querido pai: José Augusto Simões. Homem culto, simples, honesto, solidário, bom marido e bom pai.

Sobre o meu pai já escrevi o “insuficiente”, pois, todas as palavras ou poemas não chegam para lhe dedicar.

Nasci em Julho de 1949 e nos anos 50 eu era menino.

A casa de meus pais, nesse tempo, fervilhava de familiares e amigos que deixavam as suas aldeias, na Beira Baixa, em busca de uma vida melhor. Meu pai e minha mãe recebiam-nos cedendo, a sua própria cama. E foi assim até há poucos anos.

Dormia-se por tudo que era canto - por turnos - "pouca sorte partir; pouca sorte chegar"

Meu pai era um humilde comerciante de sacos usados, nada tinha e tudo dava. Sabia de tudo, tudo sabia; tivesse eu a sua brilhante memória. Não conheço ou conheci, sem qualquer favoritismo ou por simples acto de amor, algo semelhante, pois, ainda a conserva viva e activa apesar de ter nascido em 1922.

A minha mãe aceitava tudo o que o meu pai fazia e davam tudo sem nada em troca.

À noite - mesa cheia - naquela mais humilde casa - escutava histórias de fantasia e de encantar e muita poesia, declamado por meu pai, que todos com prazer escutavam.

Sabia de cor todos os livros por onde estudou e a poesia que neles conheceu e decorou. Depois, vinham todas noites rezar sobre a minha cabeça. (Tenho orações lindas com mais de 200 anos)

Fui crescendo, (não vos quero maçar), e, para abreviar, iniciei-me na poesia pela caneta de meu pai. Eu, ou melhor - meu pai - ganhava todos os prémios sobre poesia nas escolas por onde andei.

Nos anos de 60 do século passado escrevi, por minha mão, os meus primeiros poemas com a alma do meu pai. Já nesse tempo, a minha poesia a nascer, mergulhava na tristeza e cantava a vida com as cores do dia-a-dia. Cantava o que via ou o que não deveria e o que via era triste - mas isso são contas de outro rosário - pois, tudo era proibido.

Contaram-me, certo dia, que nas paredes do Aljube estava escrito com tinta vermelha de sangue a palavra LIBERDADE. A partir daí comecei a soletrar as letras do Zeca Afonso, do Adriano Correia de Oliveira, do Luís Cília do José Mário Branco e outros como o Sérgio Godinho e passei a militar na JOC (Juventude Operária Católica).

Aprendi que a poesia, escrita com a alma e com amor, tinha de ser disfarçada como se faz no contrabando.

Daí em diante era assim: poesia para lerem era escrita por metáfora. A outra, a Poesia era para esconder, mas, às vezes, arriscava.

Ao longo da minha vida escrevi mais de 11 livros de poesia que fui rasgando ou queimando ao sabor dos amores, desamores e erros meus.

Pouco resta! Duas pastas velhas que fui escondendo dos ímpetos do coração

Sobraram poucos, não os vou rasgar porque apesar da sua fraca qualidade têm a alma de meu pai e muitas imagens que pintei desses tempos.

Acabo com duas quadras que me recordo, nem estavam escritas, mas o poema está incompleto:

Sentado em minha cama

Entre lágrimas e pranto

Eu pergunto a Deus

Porquê chorar tanto

Se há tanta gente alegre

Por esse mundo além

Eu aqui penso e choro

Choro mais que ninguém!

1964

 

Vou terminar senão não paro de escrever as memórias…

Com estas palavras apenas vos quero dizer quanto amo a poesia, os poetas, e o meu mestre: O meu pai, o aluno brilhante, 3 vezes prémio escolar, do melhor aluno, na Pampilhosa da Serra.

Saudades

06-10-2005 21:45

 

Todos os poemas escritos e publicados neste blog

da autoria de Rogério Martins Simões,

ou sob pseudónimo, ROMASI,

estão devidamente protegidos pelos direitos de autor.

(Registados no Ministério da Cultura

- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –

Processo n.º 2079/09)

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Memórias e poesia de um Beirão

nascido em Maio de 1922.

.Poesia e muita sabedoria de um poeta serrano com 91 anos



Obrigado pela visita ao blog do meu pai,

homem notável, impedido de estudar

por ter ficado órfão de pai e mãe aos 14 anos.

A sua memória é notável

sabe de tudo

é uma casa cheia!

Viva a poesia.

e se a vida não nos conhecer

porque nos esqueceu,

lembremos à vida que existimos e vivemos.

Obriga meu querido pai

por me ter ensinado

a escrever poesia

Seu filho, vosso filho

Rogério Martins Simões



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