13.05.15
(Foto de Padre Pedro)
SAUDADE
José Augusto Simões
Falei à serra da Amarela
Que respondeu a chorar
Uma menina tão bela
Já ninguém a quer amar
Foste por Deus aí colocada
Ninguém te irá esquecer
Por todos serás amada
OH! Serra não vais morrer.
Conhecem o teu valor
Todos te veem com agrado
Agradecem e dão louvor
O pasto que deste ao gado
Tanta gente por ti passou
Por essa serra pitoresca
Por momentos se sentou
Tu lhe deste água fresca
Eu que nunca fui pastor
Por ti fiquei enfeitiçado
Ia ver-te por amor
E fiquei teu namorado
Tu me conheces de criança
Ia ver-te com alegria
Fiz contigo uma aliança
Para ver voar a cotovia
Já não vejo os pastorinhos
Que tu vias com agrado
Só existem os passarinhos
Na serra acabou o gado
Já não te posso visitar
Como em criança o fazia
Para ver as lebres saltar
E ouvir o piar da cotovia
Estou velho, vivo na cidade,
Escrevo-te estas linhas
São versos de saudade
Chorando saudades minhas.
Lisboa, 3 de Setembro de 2011